100ª Edição

NOVEMBRO DE 2017

Revista Betim Cultural
12 min readNov 29, 2017
Arte William Mota

“Apague meu futuro, para que viva sucintamente esse presente. Sem compromisso com amanhã… Para que hoje seja inteiramente puro.” Brian Taylor

EDITORIAL

Tiago Henrique

A Revista Betim Cultural tem uma história muito bonita. Vou tentar sintetizá-la em um texto comemorativo para a sua centésima edição (eu tinha 22 anos em seu primeiro exemplar de 2008). Ainda me lembro da folha A4 que dobrei ao meio e fiz virar 4 páginas escritas com meus poemas e ideias. Busquei patrocinadores que me impulsionaram a ir adiante, levei à Universidade e distribuí gratuitamente.

Diversos autores se juntaram à publicação ao longo dessa trajetória. Eu gostaria de agradecer a cada pessoa por compartilhar seus maravilhosos textos e suas variadas artes e contribuições, assim como tenho uma gratidão especial por todo leitor que nos dedicou tempo a cada palavra, imagem, vídeo e toda abstração ou objetividade que publicamos. É uma honra estar rodeado fisicamente ou virtualmente nesse universo que erguemos conjuntamente entre autores, leitores e entusiastas.

Das edições 01 a 08 chamávamos: Revista de Letras & Poesia. De 09 a 19 houve um crescimento constante até a chegada de 16 páginas e uma impressão de 500 exemplares circulando por Betim. Letras do Pato Fu, Manitu e Vander Lee, foram publicadas em nossas páginas com autógrafos dedicados para a Revista Betim Cultural. Prosseguindo até a atualidade atingimos o nosso auge das edições 20 a 36 alcançando 24 páginas por edição e uma tiragem de 1.000 exemplares mensais; tempos memoráveis em que entrevistávamos e conhecíamos artistas como Kiko Zambiachi e Arnaldo Antunes nos eventos da Casa da Cultura; com a intenção de aproximá-los do nosso público fazíamos matérias e divulgávamos também bons exemplos como a dona Noemi Gontijo e seu fraternal Salão do Encontro, referência Educacional não só no Brasil, mas no mundo, uma época em que tínhamos no portal da Revista edições diárias e semanais e um alcance internacional, tendo inclusive publicações de um escritor Português. Grandes nomes a parte, nossa essência sempre esteve na liberdade e na revelação de novos autores, nomes desconhecidos como o meu, mas com ideias tão pulsantes que não há coração que não se encontre na emoção de cada olhar transformado em arte nas páginas da revista.

Das edições 37 a 44, ainda no papel sofremos uma queda brusca, voltamos à 4 páginas; o projeto ruiu e se tornou caro com a ausência de patrocinadores de maior investimento. Foram 4 anos completos em impressão com direito a uma bela festa de aniversário realizada em dois episódios: um no Auditório da Prefeitura e outro no Centro Cultural Dona Antônia, eventos que contaram com a cobertura da TV Betim e do Antenados. Em torno desse período a RBC organizou 3 festas culturais e o projeto: Ensaio Autoral, intentos que reuniram artistas de diversas áreas em exposições relevantes e gratuitas. No princípio do 5º ano, na edição 45 (em outubro de 2012) passamos a existir exclusivamente no ambiente virtual, que inclusive nos movimentamos por 3 lugares até o presente: no Blogspot, em Site Próprio e agora na plataforma Medium; porém desde dezembro de 2009 em qualquer direção online nos encontramos no endereço — www.betimcultural.com.br — seguindo em frente, perpassando todos os sentimentos dessa história, da nostalgia ao auge até a decadência e ao ressurgimento das forças que nos mantêm como um veículo de comunicação cultural, chegamos a fase contemporânea da nossa história, onde a Edição 50 foi um marco simbólico (relembre aqui).

Na publicação seguinte Pamela Sobrinho estreou como Colunista e na Edição Nº54 em julho de 2013 ela assumiu a Editoria da Revista Betim Cultural. É uma satisfação muito grande tê-la como parceira nesse empreendimento, a Pamela trilhou caminhos que só ela pode expressar nesse exercício. Desde então sou um Colunista e do lado de cá, ela nos conduz editorialmente com todo seu carinho e dedicação, sou grato por todo o trabalho e beleza literária que ela reúne em sua equipe e publicação. Por historicidade considero que estamos na terceira geração da Revista e abraçando o futuro, retomamos a origem poética de sua inauguração.

Para não estender por demais convido você para assistir um trecho que resume um tanto desses acontecimentos em dois capítulos: Antenados e TV Betim. Por fim, mais uma vez agradeço a todos que estiveram na história da Betim Cultural em suas diversas posições.

Aos que estão e aos que virão, sigam e sejam bem-vindos. Vamos em frente!

COLUNA DA PAMELA

Livre, livre como o mar
Intensa, como o mar
Imensa, como o mar.

Cheia de vida, como o ar
Plena, como o ar

Depois que ela descobriu essa liberdade
Nunca mais se quis se ver presa
Seu coração ainda dói às vezes
Mas a vontade de conhecer o mundo é maior

Ela anda meio perdida no tempo
Mas seu amor por si própria vem crescendo
Esse desejo de viver é muito maior

Ela quer conhecer o mundo
Quer sentir o frio da barriga
De cada partida, de cada avião,
De cada vez que fica fora do chão

Ela quer o mar, ela quer amar
Mas só se não for em vão
Ela quer liberdade, liberdade até o sol raiar

COLUNA DO TARSO

Agudar

Para os males do corpo,
Tem como remediar.
Pressão alta Captopril,
Atacado por bactérias, Amoxicilina,
Falta de ar, Aminofilina,
Ou se desespera com coceira na cabeça, não se padeça Sulfiram.
Caso tenha medo do mundo, o melhor é Citalopram.
Para tantos outros males pode ser: Atenolol, Diazepam,Letrozol, Lorazepam, Nistatina, Dioxina, e por ai vai.

Mas se o mal é da alma,
Ao amor não correspondido, perdido,
O jeito é ter muita calma.
O que importa é o amor,
Ele não pede troca, nem volta.
Simplesmente se permita;
Chorar, chorar até acabar as lágrimas,
Até ficar sem ar.
Pânico? Não cabe neste momento;
Mantenha o desespero na quietude,
O ardor do tormento abafado na sua amplitude.
Seja maior, seja mais;
O que importa é o amor,
O calor que ele é,
O valor que ele tem.
Ame e seja intenso,
Seja grande, seja denso,
Seja o universo,
Disperso no todo, concentrado no tudo,
Associado na magnitude do agudo.

COLUNA DO BRENDOW

Você é um machista nojento.
Você é um filho da puta de um machista nojento.
Você anda de terno e gravata.
E defende esses malditos capitalistas. Você fede!
Como você consegue dormir a noite, hein?
Hein, hein, HEIN?

Você denigre a imagem das mulheres.
Você acaba com todas nós, nesses seus poemas.
Você está rindo, não é?
Você não passa de um poeta frustrado cheio de si.
Não, eu não quero um cigarro!
A sua mãe deveria ter te batido mais.
Talvez, você não seria tão BURGUÊS!
Olha pra você nesse terno.
Olha só esse
relógio.
Não me dê as costas, PORRA!

Você já vai defender aqueles PORCOS, não é mesmo?
Eu sou mulher, e mereço respeito.
Seu advogado de merda! MACHISTA!
Você se diverte, não é mesmo?
O que foi? O que tá me olhando?
“Você fica linda de vermelho.”

COLUNA DO LIVINGSTON

Imutável
Me ame
Mas, não me invada
Entenda meus dias de suicídio e solidão.

Me ame
E demonstre!
Sou leonino.

Me ame
Mas, não relaxe …
Me ofereça o seu melhor!

Se não puder,
Me ame do seu jeito
Eu continuarei te amando.
Mas, não serei seu.

COLUNA DA ISABELA

Noites perdidas
Em cada música que escuto
São suspiros de desesperos
Eu queria que você soubesse
Que meus sonhos são as melhores partes da minha noite

Eu me perco nas tonalidades da chuva
As sombras são antigos amigos
Meu amor são pequenos rastros
Não retirei a fotografia da estante
Desde então eu me suporto

Minha amante é minha cama
Pois tem o conforto necessário
Meu ego me mantém acordado
Um fio de cabelo pelo chão
Pelo olhar posso ter certeza que era seu.

FLASHBACK

Especial inédito de Colunistas que publicavam na Revista Betim Cultural.

CRISTIANO DE OLIVEIRA

cristiano@betimcultural.com.br

GIULIANO SANTOS

Pretérito perfeito

Era um domingo soturno como os demais, um vento agudo atirava como sempre e as gotículas orvalhavam prematuras. Um cão amarrotado cantava um fado, uma criança longínqua disputava desesperos com um alarme de carro esquizofrênico. Caminhou até uma gaveta esquecida, procurava a inexistência profilática. De um caderno velho caiu uma fotografia; nela, ele expandia os lábios num sorriso ascético e forte. Tacou um pano velho no olhar do cão; a fúria dói menos que a dor.

MARINA CLEMENTE

Nunca deixem…

Que os seres Humanos nunca deixem de cuidar e amar aqueles que os amam verdadeiramente! O bem que alguém lhe deseja, é o mesmo que você poderá desejar ao outro…

A alegria, o sorriso, e o compartilhar que lhe é oferecido, todos os dias, e às vezes as pessoas ignoram ou não se dão conta, não devem cair nas desvirtuardes do orgulho e individualismo… Mas devem ser vistos e abraçados como atos de fé…

O tempo, se faz de momentos, e eles são tantos… E alguns únicos…
Se alguém lhe der um abraço e um beijo, despretensiosamente, os agarrem como o sopro
Mais leve, como levezas que recaem sobre o que é incerto…

Tudo na existência é incerto… Amanhã talvez eles não possam vir… Se amar, não deixe de dizer: “Eu amo você”… E se ouve “eu te amo”, não deixe de escutar!!!!
Se tudo é incerto e não temos garantiras de quase nada… Podemos ao menos recorrer às coisas que são tocáveis a nós, míseros mortais…
Dentre elas, a nossa SEMPRE possibilidade de tentar…
Por isso todas as manhãs eu vou tirar a poeira da palavra amor…

GUSTAVO TXAI

As tecnologias e a exibição do cinema

O cinema é uma forma de expressão artística relativamente nova, se comparado por exemplo ao teatro e à pintura a sétima arte é apenas um bebê. E a cada dia que passa podemos ver que novos mecanismos tecnológicos se apresentam e favor da divulgação e particularmente da exibição de produtos cinematográficos.

Até meados da década de 1970 os filmes tinham um limitador só poderiam ser assistidos quando eles estivessem em cartaz em um cinema próximo. Os cinéfilos entravam na primeira sessão e somente saiam quando terminavam os créditos da última. Essa situação mudou com o advento da televisão e mais tarde do videocassete.

Com o passar dos anos vieram DVDs, internet, dispositivos móveis e o acesso aos filmes se tornou cada vez mais facilitado. A TV por assinatura e os dispositivos móveis como celulares e tablets, complementados pela difusão da internet sem fios tornaram-se outros meios de exibição de filmes.

As chamadas janelas de exibição foram se alterando antes era somente cinema, depois, cinema-televisão, cinema-videocassete-televisão, cinema-discos compactos-internet-televisão e hoje em dia, em 2017, tem-se cinema-internet/ televisão/ dispositivos móveis-discos compactos.

Mas com tudo isso ficam questões: a experiência do espectador é afetada? O filme pensado para a grande tela tem o mesmo efeito pretendido se assistido numa tela diferente e menor?

Essas são questões que demandam discussões e reflexão. Cabe a você espectador definir o futuro da exibição e da experiência cinematográfica. Não importa quando está lendo este texto, esta será uma questão que atravessará tempos, gerações e tecnologias.

GRACIELE JUSTINO

A magia da viagem

Viajar hoje em dia é relativo; na verdade é um exercício de criatividade uma espécie de habilidade neurológica e até cognitiva, porque não é mais necessário se materializar no local de destino pra conhecê-lo já que isso muitas das vezes é feito através do despertar de nossas sensações visuais, auditivas e sensoriais.

Quando por exemplo observamos uma foto de um lugar, ou ouvimos de alguém próximo uma experiência de viagem ou mesmo quando ganhamos os famosos souvenirs; nossa imaginação nos permite desfrutar um pouco daquele local. Diria que é possível até (dependendo do entusiasmo) ouvir sons, sentir sabores, cheiros enfim é quase mágica…

É fato que a indústria turística precisa desse deslocamento uma vez que é ele que oficializa a atividade, que movimenta a cadeia econômica, que propicia progresso e desenvolvimento ao local e as pessoas mas sem essa excitação inicial a viagem muitas das vezes não é concluída.

Daí a importância do processo de marketing: instigar o desejo. Não só o marketing oficial feito pelo governo, pelas agências de viagens, pelas cias aéreas ou pelas secretarias municipais de turismo, mas principalmente aquele marketing extraoficial, voluntário mesmo. Somos alcançados sim pelas propagandas via rádio, tv e web entretanto quando feitas por alguém próximo, você de fato se imagina lá. Através das experiências relatadas você já viaja para aquele destino e fica só no aguardo do tempo, do dinheiro e das burocracias do cotidiano para concretizar esta vontade.

Daí também a importância do planejamento turístico proporcionar ao visitante uma prática positiva de viagem porque é ele que, através de situações memoráveis, impulsionará nos outros o desejo de conhecer o local.

É nesse aspecto que viajar hoje em dia é relativo e para ilustrar essa teoria costumo citar um pensamento de um desses sábios autores desconhecidos que circulam por aí:

“Nada se compara a uma viagem que você engravida de uma foto, a realização pode durar tempo mas o pensamento já decolou.”

MARCOS SANTOS

Flor

Compre uma flor seu moço
Que eu te conto uma poesia,

Disse a menina.
Bonitinha… Magrinha de dar dó.
Tão novinha!
Tão criança inocente!

Inocência que logo se perdera.

Aprende e vive a arte de sobreviver.
Sua mãe a espera na esquina
E conta os trocados.

Tudo ao redor da menina é urbano e selvagem e frio.

A pequena menina tão frágil
Aprende o que é útil.

Sua mãe a espera na esquina
Contando os trocados,
Observando de longe,
Protegendo de longe,
Contando os trocados.

Sobrevivem assim.
Mãe e menina.

E sonhar:

A menina sonha.

A mãe não.

LUCAS DINIZ

ESPAÇO ABERTO

LUCIANA CHAVES

Amor
É ternura!
Doce de Goiaba e melão.
É batida no compasso da alegria.
Sinergia, sentimentos onde olhos sentem.
É abraçar cores que vem do céu, é mágico!
É mistura de sentimento suave do Beija Flor.
Ah o amor!
Amor é Jabuticaba…
O amor é jovem!
É sorriso sem pressa…
É cheiro da terra molhada;
É João de Barro no galho da roseira.
É querer algo em troca; Amor!

BRIAN TAYLOR

Mergulhe-me nesse respirar de vida
Me devolva minhas cores
Pois minha pele já está opaca
Me faça renascer, não da morte mas da vida…

Transformar que a escuridão também é uma cor viva e reluzente,
Pois uma cor viva é a que te inspira na vida…
A cor que reluz, é luz aos olhos dos seres apagados…
Inveja é inevitável por aqueles que para brilhar tentam ofuscar seu resplendor…

Branco e preto nem sempre são contrários, se sempre fossem o cinza nao existiria…
Suas cores mancharam as minhas e não sabemos mais o que e nosso fulgor original…
Do transparente se criou cor, corpo e vida…
O transparente um dia água, hoje sangue nas veias…

FILIPE CANAAN

O que vou ser?
O que vou ser?
Perguntas sem respostas, Atitudes sem finalidades.
Olhar pro espelho e não se ver
É caos da cidade

Se eu não fosse do rap, iria ser carteiro.
Tipo, o sonho de mandar mensagem pro Brasil inteiro.
Mil ideias na mente e no bolso sem um tostão. Presencio ofensas e as refuto com o coração

Que já nem tenho mais, onde guardo um risco ela faz mais um desenho.
A perdição é um anseio, o real é um devaneio, em busca da razão me deparo com o receio

Que me angústia mais que ansiedade
O que exala fumaça retrata a dor passada, é caos da cidade.
Doce mentira árdua verdade, o que te conforta completa sua metade, totalidade opaca subjetividade amarga, espiritualidade fraca.

Aparência faz a alma perecer, de volta a caverna as imagens fazem parecer, realidade oculta à desaparecer
Apareço em um quadro incrível
Meu quarto é sensível
Sem se ver, se torna um ser invisível.

AGRADECIMENTOS

Pamela Sobrinho

Escrever é uma forma intensa de expressar sentimentos. Aquilo que sentimos e às vezes não conseguimos dizer com gestos, com falas conexas, porém com a poesia, o desenho, os contos, as prosas. Quando comecei a escrever foi assim, para expressar meus sentimentos, e os textos e poemas ficavam guardados numa gaveta, em papel. Depois foram para um principio de um blog… e por fim conheci a Betim Cultural e aqui eles ganharam vida! Fico imensamente grata com a confiança do Tiago por me entregar a edição da Betim Cultural. Não nego que tive medo, mas receber o trabalho de tanta gente boa, de ver que a poesia está ai, no ar e na vida de tantas pessoas, faz esse trabalho ficar mais gratificante. Meu desejo é que tenhamos inúmeras edições e que nossos colaboradores aumentem e nossas visualizações também, que mais pessoas possam ser contagiadas pela magia da poesia.

SOBRE A RBC

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Edição publicada por
Pamela Sobrinho
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